PARTE 1 Donato passou a língua na ponta dos lábios, o gosto áspero de lápis mastigado fazia com que pensasse em pegar a terceira cerveja, mas o sino na igreja badalava quatro da manhã. Era tarde! Ou era cedo? Colocou os cotovelos sobre a mesa, apoiou a cabeça nas mãos e debruçou o corpo para frente, assim os olhos ficaram bem próximos da folha sulfite, apenas três linhas preenchidas em cada coluna e as cores fortes do giz de cera da sobrinha que após alguns rabiscos desistira do desenho e abandonara a folha no chão. Onde vivem as decisões? Ele não sabia. Pegou a folha do chão quando pisou em cima dela ao sair do quarto, ainda era uma da manhã, não tinha encarado o acontecimento como uma insônia, só deitou e não conseguindo dormir levantou, caminhou pela casa, foi no banheiro, e depois resolveu abrir a primeira latinha, sentou na mesa e colocou a folha na sua frente. Foi depois de uma hora que entendeu que não conseguiria voltar a dormir, as vozes das pessoas habitavam a
Comentários
Postar um comentário