Crônicas de Viagem - Maceió

Acho que sou uma pessoa do mar, e antes que alguém me chame de filha de Iemanjá, como já afirma meu signo libriano, minha cabeça é do vento.
Mas o mar, o mar é maresia dentro de mim, correntezas e marés, altos e baixos, contrastes. Na cidade em que mais vi hilux, foi a que eu menos vi garagens e no lugar varandas, portas que se abrem em cadeiras de balanço, mesinhas de centro e quadros coloridos. 
E o mar lindo verde/azul, onde as jangadas deslizam na Pajuçara, manejada por pescadores com empréstimos na CAIXA, para pagar o barco de pesca que na alta temporada fica atracado ao sabor das ondas, pois o pescador vira jangadeiro: o turista paga mais que o dono do restaurante, mas só passeia nas  piscinas naturais em dezembro e janeiro. 
Turistas daqui,  os "wonderful" e "hermosos" não ocuparam o vento das orlas que leva a areia de lado a outro, era nordeste: Sergipe, Pernambuco, Bahia, Maranhão. E eu, paulista, meus irmãos paulistas, minha mãe mineira e meu pai, alagoano, com trinta anos de São Paulo nas costas; a passear pelas ruas ora asfaltadas ora areosas.
E em uma dessas areosas, lojas vendem as rendas feitas por mulheres, filhas-primas-mães-avós-tias-irmãs, sem lhes dizer os preços, peças vendidas às escuras por preços que inflam nas prateleiras.
As irmãs e irmãos de meu pai, a casa da minha vó, o caminho até lá, encontrados nas memórias dos meus catorze anos. Praias da Jatiuca, Francês, Pajuçara, Ponta Verde... Ah que saudade do céu, do sol, do mar e até do sal de Maceió; já diria o poeta de rua.

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